
A palestra proferida pela
secretária municipal de Planejamento de Paço do Lumiar, advogada, psicóloga e
primeira-dama Nubia Feitosa, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, fez
um resgate da luta das mulheres ao longo das décadas, desde que um grupo de
mulheres se reuniu numa praça da França para decidir que não iriam trabalhar
naquele dia, nem realizar trabalhos domésticos. Isto ocorreu no século XVIII. A
palestra “Pela dignidade, direitos e conquistas” foi realizada no auditório do
Instituto de Ensino Superior Franciscano (IESF), durante evento que marcou as
homenagens do Dia da Mulher em Paço do Lumiar e abordou temas que fizeram a
plateia refletir.
Lembrou da cultura machista
que sempre considerou o homem aquele que não deveria fazer serviços domésticos.
E nessa perspectiva as mulheres foram criando homens machistas. “Temos nossa
parcela de culpa também”, observou.
A psicóloga destacou que tem
sido um processo difícil enfrentar a violência doméstica e a mentalidade de
alguns homens que acham que têm direitos sobre o corpo da mulher. “Eles têm de
entender que NÃO é NÃO. Meu corpo é sagrado. Ele não pode ser tocado se eu não
estou bem e não consinto”, afirmou.
Ela citou como um dos
horrores da história de desrespeitos um manicômio que existia na década de 50
em Minas Gerais, o Hospital Colônia, para o qual eram levadas muitas mulheres
que eram consideradas “problemáticas”, que ali ficavam esquecidas pelos maridos
e pelas famílias.
Ao falar dos tempos atuais,
a secretária de Planejamento de Paço do Lumiar afirmou que todo dia é dia da
mulher. “Todo dia amamos, odiamos, apanhamos, também batemos, parimos, criamos
nossos rebentos, amamentamos, cuidamos dos netos, amamos nosso homem, o odiamos
também, cuidamos da natureza”, enumerou.
FALSA SENSAÇÃO DE PROTEÇÃO
“Hoje temos a Lei Maria da
Penha, que não é o ideal”, afirmou a psicóloga. Ela citou o artigo 12, que
determina que em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a
mulher, feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de
imediato, diversos procedimentos que garantam a proteção imediata da mulher. “E
não esperar até 96 dias pelo Ministério Público. Esta lei não nos protege”,
afirmou Nubia Feitosa. “A mulher tem de sair com a medida protetiva após o
registro da ocorrência. E tem de ser bem atendida, por profissionais
capacitados que entendem aquele momento de fragilidade”, acrescentou.
Na avaliação da psicóloga,
os homens estão matando mais depois da Lei Maria da Penha, pois ela dá uma
falsa sensação de segurança às mulheres. “É preciso que a gente absorva essa
reflexão para que possamos mudar nossa atitude. Ainda há mulheres machistas”,
ressaltou.
Ela informou que vai a
Brasília ainda este mês conversar com o deputado federal Luiz Flávio Gomes
(PSB/SP) e também participar de uma mobilização para modificar o artigo 12 da
Lei Maria da Penha, cuja luta já tem o apoio da deputada federal Luiza Erundina
(PSOL/SP). “Vamos precisar de 300 mil assinaturas. E eu não tenho qualquer tipo
de problema de colocar uma banquinha em frente ao Congresso pedindo essas
assinaturas”, afirmou a secretária Nubia Feitosa.
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