Encravado na ilha de São Luís, o município de Paço do
Lumiar, sofre, desde sua criação, os efeitos de consecutivas administrações que
deixaram muito a desejar e só fizeram agravar ainda mais os problemas
estruturais. O histórico político da cidade é marcado por falcatruas,
improbidades e desvios de recursos que puniram sua população com o atraso
durante décadas.
As últimas administrações enfrentaram sérios problemas de
malversação de dinheiro público, o que levou o Ministério Público a denunciar
as quatro últimas gestões à Justiça por improbidade. Mábenes Fonseca, prefeito
eleito pelo PDT, foi condenado a devolver recursos desviados aos cofres
públicos e expurgado da política pela Lei da Ficha Limpa. Gilberto Arôso, seu
vice e substituto, assumiu, se reelegeu e acabou em Pedrinhas pelas mesmas
falcatruas.
Uma década depois, mantida a maldição dos corruptos em
Paço do Lumiar, a tia de Gilberto, Bia Venância, sarneyzista convicta, embora
fingida de aliada de Jackson Lago, acabou tendo o mesmo fim após ser afastada
diversas vezes e retornar ao cargo mediante liminar garantida nos calabouços do
Tribunal de Justiça. Ela acabou presa, e só não permanece até agora por conta
da tornozeleira eletrônica que permite que ela seja monitorada remotamente pela
Policia Federal.
Em meio a este lamaçal de corrupção, que subjugou Paço do
Lumiar ao atraso, foi eleito o combativo deputado federal Domingos Dutra
(PCdoB), um morador do Maiobão, conhecedor da realidade local e eleito prefeito
do município quando todos os institutos de pesquisas apontavam os
representantes da oligarquia Sarney como favoritos para vencer o pleito.
O atraso no lugar era tão grande, que a cidade, tratada
por seus governantes como dormitório da capital, sequer tinha ponto de ônibus,
muito menos sinalização vertical e horizontal, haja vista que o asfalto
contemplava no máximo as avenidas do Maiobão. Na saúde, o caos era geral e seus
moradores sofriam as consequências, obrigados a procurar a rede de urgência e
emergência de São Luís. A educação, estratégica para o desenvolvimento de
qualquer população, era constantemente saqueada pelos seus gestores. A
dificuldade era tanta que mexia com os brios do luminese.
O caos perdurava há mais de quarenta anos por conta dos
aliados de José Sarney instalados no município e chefiados pela família Arôso.
Em menos de um ano de governo Dutra a realidade é outra, motivo pelo qual as
viúvas que ajudaram a oligarquia a mergulhar Paço do Lumiar na lama partem para
ataques injustificáveis, agressões e até insinuações de cunho familiar com a
única finalidade de atingir a honra e a moral do prefeito, visando
desestabilizar tudo o que foi conquistado em pouco mais de doze meses.
A Câmara Municipal de Paço do Lumiar, também controlada
pelas oligarquias Sarney e Arôso durante décadas, pelo visto não se conforma
com os novos ares de transparência, seriedade e de compromisso com o município
da atual gestão. Talvez por saudade das benesses de uma época que a população
luminense espera que nunca mais volte. Os tempos, porém, são outros e os
vereadores que se colocam contra a população, por meros interesses escusos ou
contrariados, podem perder o bonde da história e serem condenados ao ostracismo
justamente por não compreenderem que novos ventos que sopram em Paço do Lumiar.
Editorial do jornalista Jorge Vieira
Nenhum comentário:
Postar um comentário