O Dia da Consciência Negra, instituído em 2003 no Brasil,
lembra o dia em que foi assassinado, em 1695, o líder Zumbi, do Quilombo dos
Palmares, um dos principais símbolos da resistência negra à escravidão. Desde
então, em muitos municípios é decretado feriado ou ponto facultativo. Mas muito
além de um feriado, o 20 de novembro deve servir para mobilização e mais
informação sobre a luta dos negros por liberdade, respeito, oportunidade e
empoderamento.
A homenagem a Zumbi foi mais do que justa, pois este
personagem histórico representou a luta do negro contra a escravidão, no
período do Brasil Colonial. Ele não foi só líder do Quilombo dos Palmares, ele
morreu em combate, defendendo seu povo e sua comunidade. Os quilombos
representavam uma resistência ao sistema escravista e também uma forma coletiva
de manutenção da cultura africana aqui no Brasil. Zumbi lutou até a morte por
esta cultura e pela liberdade do seu povo.
Zumbi morreu em 1695, mas a abolição da escravatura, de
forma oficial, só veio em 1888. Porém, durante todos esses séculos, os negros
sempre resistiram e lutaram contra a opressão e as injustiças advindas da
escravidão.
Na trajetória da luta antirracista, principalmente desde
1988 – ano do centenário da “abolição” – surgiram diversas organizações negras
nas sedes urbanas ou nos próprios quilombos, a exemplo do município de Paço do
Lumiar e outros (Caxias, Codó, Mirinzal, Cururupu, Bacabal, Pedreiras, Lago da
Pedra, São Luiz Gonzaga, Alcântara, Itapecuru-Mirim, Pinheiro, São José de
Ribamar, Urbano Santos, Imperatriz, Açailândia, Lima Campos), trazendo como
pano de fundo a organização política dos negros das zonas urbana e rural, pela
conquista de seu espaço de cidadania e sua consciência política.
O Dia da Consciência Negra vale também para refletirmos
por que sempre ocorreu uma valorização dos personagens históricos de cor
branca. Como se a história do Brasil tivesse sido construída somente pelos
europeus e seus descendentes. Imperadores, navegadores, bandeirantes, líderes
militares entre outros foram sempre considerados heróis nacionais. Com Zumbi,
tivemos a valorização de um líder negro em nossa história e, esperamos, que em
breve outros personagens históricos de origem africana sejam valorizados por
nosso povo e por nossa história.
Passos importantes estão sendo tomados neste sentido,
pois nas escolas brasileiras já é obrigatória a inclusão de disciplinas e
conteúdos que visam estudar a história da África e a cultura afro-brasileira.
No Brasil ainda tem preconceito. Ainda tem desigualdade
entre brancos e negros, mas esta situação vem sendo transformada. A
possibilidade de inserção aumentou. Nota-se mais compreensão, mais políticas
públicas específicas para os negros e mais oportunidades na atual sociedade
brasileira do que em outras ou há anos atrás.
O Dia da Consciência Negra mostra ainda que há dois
lados: um de superação de problemas e preconceito, que inclui resistência
política, luta por cidadania, luta por inclusão, autoestima e empoderamento. E
outro que é o da conscientização, respeito, integração e comunhão entre os
brancos e negros. Enfim, 20 de novembro é dia de luta e resistência, mas também
é dia de reforçar relações interraciais mais humanas e igualitárias. É nisso
que acreditamos.
Domingos Dutra
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