Após o massacre de 33 detentos na Penitenciária Agrícola
de Monte Cristo na última sexta-feira (6), em Boa Vista, o governo de Roraima
enviou um ofício pedindo ajuda ao presidente Michel Temer para impedir o avanço
da violência em presídios do estado. Assinado pela governadora Suely Campos e
enviado também ao ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, o documento
solicita o envio de efetivos da Força Nacional de Segurança, a transferência de
presos para penitenciárias federais e um aporte maior de valores a Roraima.
No ofício, a governadora frisa o "caráter de
urgência" do pedido e admite que o estado não é capaz de garantir a
integridade física dos
presos "de forma plena", sem que seja
comprometido o policiamento ostensivo de corporações nas ruas para atuar
"na proteção" dos roraimenses. De acordo com o governo de Roraima, o
ofício já foi protocolado nesta segunda-feira (9) aos destinatários.
Transferência de líderes
Suely Campos pede a transferência de oito detentos
identificados como líderes de facções criminosas para unidades federais de
segurança máxima para diminuir o que classificou de "conflitos
internos" no presídio onde ocorreram os assassinatos. Ela também solitica
o repasse de R$ 9,9 milhões para a conclusão da Penitenciária de Rorainópolis e
do anexo da Cadeia Pública de Boa Vista, que conforme explicou, vão criar 660
novas vagas para o sistema penitenciário estadual.
A governadora diz reiterar o pedido para que 100
policiais da Força Nacional de Segurança sejam enviados ao estado para auxiliar
os efetivos estaduais "no controle da Penitenciária Agrícola de Monte
Cristo". Em novembro do ano passado, o governo de Roraima chegou a
solicitar a presença da Força Nacional após a morte de 10 detentos na mesma penitenciária,
mas o pedido foi negado.
Nesse domingo (8), Suely Campos informou que conversou
com o ministro da Justiça, de quem ouviu que em poucos dias o governo federal
deve enviar o apoio necessário para garantir a ordem pública e enfrentar a
grave tensão instalada. Outro pedido feito é para que a Força de Intervenção
Penitenciária Integrada, que atuou recentemente no Ceará, também seja enviada
ao estado.
"Por fim, ressalto ainda que a nossa gestão jamais
fechou os olhos para a grave crise carcerária do nosso estado, contudo, a
solução passa pela atuação conjunta com a União", concluiu a governadora
no ofício.
Dois dos 33 mortos na penitenciária agrícola na madrugada
da última sexta-feira (6) só foram encontrados na tarde de sábado (7), após a
denúncia de familiares, como a dona de casa Simone Alves, de 24 anos. “Vocês
não sabem o meu sofrimento de saber que o meu marido está enterrado em um
buraco dentro da cozinha e ninguém faz nada. A polícia fecha os olhos. O que
está faltando, meu Deus, para vocês entrarem e procurarem o meu marido, o que
tá faltando?”, desabafou a mulher.
O trabalho de necropsia foi encerrado nesse domingo (8) e
quase todos os corpos já foram entregues aos familiares. As exceções são os
corpos de um venezuelano e um rondoniense que ainda não foram entregues por
falta de documentação. Ainda há o corpo de um detento, que não foi reclamado
pela família.
Fonte: EBC-Agência Brasil
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