Os dados apresentados pela Pesquisa de Endividamento e
Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do
Comércio (CNC) em parceria com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e
Turismo do Estado do Maranhão, indicam para um nível de endividamento de 70,4%
para o mês de janeiro em São Luís, o que representa uma retração no índice de
famílias ludovicenses endividadas de -2,2% em comparação ao mês de dezembro,
mas, por outro lado, um avanço do endividamento de 4,9% quando comparado ao
mesmo período do ano passado.
Essa queda no endividamento em relação ao mês de dezembro
é explicada pelo baixo nível de consumo apresentado pelos ludovicenses ao longo
do fim de 2016, conforme já indicava a Pesquisa de Intenção de Consumo para o
Natal realizada pela Fecomércio-MA, que apresentava um redução na predisposição
de ir às compras de -8,09%. Ou seja, a conjuntura econômica instável,
principalmente relacionada à falta de estabilidade no emprego atual dos
consumidores, promoveu uma retração nas vendas e direcionou parte da injeção de
recursos do 13º salário dos trabalhadores para o pagamento de dívidas.
Apesar dessa retração no endividamento na comparação
mensal, o índice experimentou um crescimento na comparação anual e ainda se
encontra relevantemente alto. Estima-se que, de acordo com o levantamento da
Peic, 212.230 consumidores ludovicenses encontrem-se endividados neste mês de janeiro.
Assim, com parte da renda dos consumidores já iniciando o ano comprometida com
as dívidas, é esperado um impacto negativo no setor varejista nesses primeiros
meses que deverá ter dificuldades para ampliar a capacidade de expansão das
vendas em função dessa retenção do consumo.
Um dos setores que deverá sentir diretamente esse impacto
é o segmento de Livros, Jornais e Papelaria, que apresenta seus melhores
resultados sazonalmente no início de cada ano devido à volta às aulas da grande
maioria dos alunos de colégios e faculdades. Segundo dados da última Pesquisa
Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo IBGE, esse segmento específico
apresentou no acumulado de janeiro a novembro de 2016 uma queda no volume de
vendas de -16,5%.
Para o consultor econômico da Federação do Comércio do
Maranhão, essa retração das vendas do ano passado deverá se refletir ainda este
ano. “Estes números reforçam as projeções de vendas menores e abaixo das
expectativas de demanda dos empresários desse setor de livros e papelaria.
Estas projeções negativas se dão diante da necessidade da recuperação deste
setor estar condicionada ao aproveitamento da sazonalidade de vendas que ocorre
no primeiro trimestre e que se encontra bastante comprometida pelo alto nível
de endividamento das famílias ludovicenses apresentado em janeiro”, explica o
economista Eduardo Campos.
Dívidas
De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência
do Consumidor, os principais tipos de dívidas dos ludovicenses estão
concentradas no cartão de crédito, que representa 76,6% dos compromissos
financeiros assumidos para o mês de janeiro. Nessa lista, também são indicados
os carnês (13,4%), financiamento de carro (5,2%), crédito pessoal (4,3%),
financiamento de imóveis (4,9%) e crédito consignado (1,3%).
Embora o nível de endividamento mantenha em níveis
elevados, o índice de consumidores com contas em atraso, ou seja, aqueles que
são considerados inadimplentes, mantem-se em 27,2% para o mês de janeiro em São
Luís. Esse é o menor percentual de inadimplentes desde março do ano passado na
capital maranhense, o que revela a preocupação do consumidor com a
instabilidade da sua renda atual e futura, fazendo com que os ludovicenses
freiem o consumo e direcionem a renda para evitar o aumento da inadimplência.
Em relação ao mesmo período do ano passado, as famílias com contas em atraso
dentre as endividadas apresentaram recuo de -4,23%.
A pesquisa também apontou que apenas 9,4% das famílias
endividadas afirmaram que não terão condições de quitar suas dívidas em atraso,
resultando no percentual 13% menor do que o registrado em janeiro do ano
passado. “Este é um dado positivo para o consumo, pois a recuperação da
capacidade de renda futura das famílias contribui para a expansão do consumo.
Nessa perspectiva, projetam-se as expectativas futuras otimistas em um médio
prazo relacionada às condições de pagamento das dívidas em atraso e a retomada
do consumo”, ressalta Eduardo Campos.
Segundo o levantamento da CNC e Fecomércio, o tempo médio
de atraso das dívidas atuais dos ludovicenses é de 59,1 dias. As dívidas com
pagamento em atraso de até 30 dias representam 31,5% dos compromissos
financeiros atuais das famílias de São Luís, enquanto aqueles com atraso entre
30 a 90 dias somam 23,7% das dívidas e 44,4% desse atraso supera 90 dias. Por
outro lado, o tempo de comprometimento das famílias com as dívidas que estão a
vencer é de 4,8 meses, indicando que o nível de endividamento deverá manter-se
elevado pelo menos até o mês de maio na capital. De acordo com o estudo, os
ludovicenses endividados apresentam, em média, 28,5% da renda atual
comprometida com essas dívidas.
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