A Polícia Federal está investigando um desvio bilionário
de dinheiro da saúde no Maranhão. O esquema envolvia empresas terceirizadas e
campanhas políticas.
A investigação é sobre o caminho do dinheiro que saía dos
cofres públicos, do Ministério da Saúde, mas não chegava aos hospitais, aos
postos de saúde, como dizem os investigadores. No meio do caminho, passava por
essas empresas terceirizadas e a suspeita é de que acabava sendo usado em
campanhas eleitorais.
Sacolas e pastas de documentos. Era tanto papel que foi
preciso usar um carrinho. Duzentos policiais federais e representantes do
Ministério Público Federal e da Controladoria-Geral da União participaram da
operação. Os policiais federais apreenderam carros, dinheiro e obras de arte. A
origem ainda está sendo investigada.
A Justiça Federal autorizou a prisão preventiva de 13
suspeitos no Maranhão, Recife e em São Paulo, buscas em 60 endereços e a
convocação de 27 pessoas para depor.
Entre elas: o ex-secretário de Saúde do Maranhão Ricardo
Murad. Também houve busca de provas na casa dele. A Polícia Federal chegou a
pedir a prisão temporária de Murad, mas a Justiça não autorizou.
A suspeita é de que parte do dinheiro do Ministério da
Saúde, que deveria ir para postos de saúde e hospitais públicos, tenha sido
desviado para empresas contratadas sem licitação. Os investigadores afirmam que
Murad terceirizou a gestão da saúde para facilitar a fraude.
Os desvios teriam ocorrido de 2010 a 2014 na gestão
ex-governadora Roseana Sarney, cunhada dele. O delegado que comanda a operação
afirmou que os repasses do Fundo Nacional de Saúde somaram R$ 2 bilhões entre
2010 e 2013. E que os desvios passaram de R$ 1 bilhão.
“O dinheiro que foi destinado ao Maranhão nesse período da
investigação, entre 2010 e 2013, chega a R$ 2 bilhões. Nós estamos trabalhando
na estimativa, segundo dados da própria CGU, de 60% desse dinheiro ter sido
desviado”, afirma Sandro Jansen, delegado da Polícia Federal.
A TV Globo teve acesso à decisão que autorizou a
operação. Segundo os investigadores, parte do dinheiro desviado financiou
políticos apoiados por Ricardo Murad. Pessoas com cargos em hospitais e
entidades que receberam o dinheiro público fizeram doações eleitorais.
Foram mais de R$ 205 milhões para partidos, candidatos e
comitês de campanha em 2010, 2012 e 2014.
Na lista está a prefeita de Coroatá, no Maranhão, Maria
Teresa Trovão Murad, que é mulher de Murad. Segundo a PF, a Litucera, uma das
empresas do esquema, financiou mais de 60 candidatos a vereador em Coroatá.
Sete foram eleitos do total de 13 vereadores da Câmara Municipal.
A defesa de Ricardo Murad e da esposa dele, Maria Teresa
Murad, prefeita de Coroatá, informou que não vai se pronunciar enquanto não
tiver conhecimento da acusação oficial.
A assessoria da ex-governadora Roseana Sarney, cunhada de
Murad, disse que não vai comentar o caso porque desconhece a investigação. O
Bom Dia Brasil não conseguiu falar com os responsáveis pela empresa Litucera.
Fonte: Bom Dia Brasil
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