O Ministério das Relações Exteriores informou hoje (15)
que o governo continua “acompanhando estreitamente” o caso do brasileiro Marco
Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, preso desde 2003 na Indonésia por tráfico
de drogas, que pode ser executado por fuzilamento neste sábado (17), segundo
informam jornais indonésios e australianos.
Apesar de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a
presidenta Dilma Rousseff terem enviado cartas ao presidente da Indonésia,
pedindo reversão da sentença, desde que Marco Archer foi condenado à pena de
morte, o governo brasileiro ainda avalia as possibilidades abertas.
“O governo brasileiro continua mobilizado, acompanhando
estreitamente o caso, e avalia todas as possibilidades de ação ainda abertas.
De modo a preservar sua capacidade de atuação, o governo brasileiro manterá
reserva sobre as decisões tomadas”, informou, em nota, o Itamaraty. De acordo
com as leis da Indonésia, a única forma de reverter uma sentença de morte é se
o presidente do país aceitar um pedido de clemência.
O brasileiro trabalhava como instrutor de voo livre e foi
preso em agosto de 2003, quando tentou entrar na Indonésia, pelo aeroporto de
Jacarta, com 13,4 quilos de cocaína escondidos em uma asa delta desmontada em
sete bagagens. Marco Archer ainda conseguiu fugir do aeroporto, mas foi
localizado após duas semanas, na ilha de Sumbawa. Ele confessou o crime e disse
que recebeu US$ 10 mil para transportar a cocaína de Lima, no Peru, até
Jacarta. No ano seguinte, ele foi condenado à morte.
A primeira vez que o governo brasileiro pediu clemência
para Archer foi em marco de 2005, quando o então presidente Lula enviou carta
ao presidente da Susilo Bambang Yudhoyono. Apesar de não desconhecer a
gravidade do delito cometido, Lula apelou ao sentimento de humanidade e amizade
do presidente indonésio. Em 2012, a presidenta Dilma aproveitou um encontro
bilateral com o presidente Yudhoyono, à margem da 67ª Assembleia Geral da
Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, e entregou nova carta
apelando para que o brasileiro não seja punido com a pena de morte.
Yudhoyono, no entanto, não atendeu aos pedidos, e o atual
presidente, Joko Widodo, que assumiu o cargo em 2014, é considerado ainda mais
rígido em relação ao combate às drogas, já tendo afirmado que rejeitará todos
os pedidos de clemência das 64 pessoas condenadas à morte no país por crimes
relacionados com drogas. Archer pode ser o primeiro brasileiro executado por
crime no exterior. De acordo com o jornal australiano The Sidney Morning
Herald, o advogado do brasileiro, Utomo Karim, disse que ele está em estado de
choque e com medo. Segundo Karim, Archer apelou ao Consulado do Brasil em
Jacarta para que o governo brasileiro faça todo o possível para que ele não
seja morto.
Outro brasileiro, Rodrigo Gularte, de 42 anos, também
está no corredor da morte na Indonésia, por tentar entrar no país, em julho de
2004, com seis quilos de cocaína escondidos em uma prancha de surfe. De acordo
com o último levantamento do Itamaraty, havia 3.209 brasileiros presos no exterior
até o fim de 2013.
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